Teste 1

Teste 1

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

SEM LUAR

Cai a chuva,
Cor de vinho tinto;
Mas o gosto que tem
É de absinto.

Chove um cheiro de morte,
Penalidade maior;
Corrói tudo devagar,
Da saliva ao suor.

Dizer que sou essa chuva
É muito engano!
Só porque sou poeta
Que nunca disse “Eu te amo”?

(Luciene Lima Prado) 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CORTE


Eu, poeta, visto-me de punhal
Para cortar a minha veia poética,
Permitindo-me sangrar todo mal,
Para somente restar-me, sintética.

Um corte certeiro, eis-me sem lírica,
Livre das metáforas, das antíteses;
Envolvida numa náusea vampírica
Segregando palavras feito mísseis.

Eu, poeta, transformo-me em punhal,
Dando fim a qualquer inspiração
Evitando o ritmo sensorial.

Não mais contendo qualquer emoção,
Dispo-me de ser poeta total
Para que, também, parte não ser, não.

(Luciene Lima Prado)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

ÚLTIMO POEMA ABAIXO DO CÉU

Escrevo como se a última vez fosse,
Como a absorver Bandeira indignamente,
Sem limite de palavras e sonhos.

Escrevo com sentimento agridoce,
Sob uma lente, rígida, adstringente,
A esconder meus cílios tristonhos.

Escrevo sob o olhar das cinzas das horas,
A roubar de Bandeira o que não devo,
No mais perverso caráter que me concerne.

Escrevo, denunciando minhas mãos-senhoras
Que na juventude me trouxeram enlevo
E, hoje, nelas, nenhuma inspiração as serve.

E chegam ao fim meus eternos devaneios,
Soterrados em letras feias e tortas,
Engasgadas em certas palavras tão desditas.

E me cerco de ponto final sem rodeios,
Dentro de uma vida sem janelas nem portas,
Sem bandeira, sem Bandeira, sem coloridas fitas.

(Luciene Lima Prado)


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SONETO QUE SORRI


Do rosto o sorriso é doce pintura,
Dos pacíficos lábios partitura;
Irmão dos olhos e suspiro da alma,
Porto de quem chega, porto que salva.

Sorriso, preenchido de calmaria,
Bálsamo que as dores cura e alivia;
Ele chega sem pressa e permanece,
Chamando as estrelas que a noite tece.

Doce pintura do rosto é o sorriso,
Pautado em vontade, inspiração e siso;
Ponte segura de toda amizade.

Sorriso, consolador da saudade,
Desabrocha sob o sereno olhar,
Pousa passarinho* em quem sabe amar.

(Luciene Lima Prado)

*Substantivo "adverbalizado".

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

EVOLUÇÃO

Voltar a ser e querer o riso,
Repudiar o não e fazer o sim
Ou ignorar o sim e refazer o não.

“O sim que te abre o caminho
É o mesmo não que fecha teus braços.”

Ir e olhar para trás,
Espalhar ideias e comer o pão,
Distribuir o pão e recolher ideias.

“O pão que vais comprar fere 
Tua garganta diante de outra fome.”

Querer liberdade,
Sem esquecer o verso;
Talvez, apenas esquecer…

“Para alinhar as tuas estradas,
Necessita reforçar tuas cercas.”

Ouvir o silêncio do invisível,
Ocultar o espirro e o tédio,
Saciar a sede que não se percebe.

“Enfim, o não que encerra teu sorriso
Está no sim de quem mendiga o pão.”

(Luciene Lima Prado)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

SONETO À LUZ DOS VOCÁBULOS


(Soneto dedicado a Luiz Mário da Costa, o Mestre dos Vocábulos)

Luz e mar: são vocábulos à vista
Unindo os diversos mundos do artista,
Indo em todas as direções do mundo,
Zerando todo desgosto profundo.

Mestre das palavras em liberdade,
Atravessa rios, atravessa a saudade;
Repara o tempo que passa e o que fica
Impõe-se no verso que o testifica.

Olvida o que poesia já não for,
Comove a todos com linhas e dor,
Oculta o que não é belo nas entrelinhas.

Sereno, faz das palavras rainhas;
Trilha belos versos noite e dia,
Ardoroso amante da poesia!

(Luciene Lima Prado)

Blog de Luiz Mário da Costahttp://poemasemguardanapos.blogspot.com/

(Pela nossa amizade, pela admiração mútua, pelo grande poeta que é, pela eterna gratidão,  pelo carinho que dedica a todos os poetas, é o mínimo que ofereço a você, perdoe-me se não estiver a sua altura do seu talento. Quanto a minha briga com a poesia, continua em pé. Um dia eu a venço.)



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