Tens os traços d'uma época débil,
Em que o sentimento já nasce estéril;
Tua voz já não se ouve, já não vibra,
Sem chá que de tua doença te livra.
Teu medo de gritar que contamina,
Uma aparente indiferença à sina;
No conformismo teu silêncio jaz
E teu ego já não se satisfaz.
Então encorpora as dores tu que calas
Fecha teu livro e lamenta em tua sala,
O tempo nem sempre vai curar tudo.
Poderia teu grito ser teu escudo,
Junto a outro grito libertar vidas;
Agora restam ilusões perdidas.
(Luciene Lima Prado)
Enquanto pudermos gritar, a greve continua.