Aquele quadro a enfeitar a sala
Carrega consigo minhas lembranças:
As que nunca cheguei a ter (talvez).
Uma terna pintura que me embala,
Penteando de sonhos minhas tranças
Enquanto esqueço minha palidez.
Põem-se a zanzar sobre aquela serra,
De tão perfeitas cores, formas e linhas,
Os sonhos que a vida às vezes entorta.
Naquela pintura que minhas dores enterra,
Deixei mergulhar as quimeras minhas
Para olhar a vida, atrás de mim, pela porta.
Luciene Lima Prado