Escrevo como se a última vez fosse,
Como a absorver Bandeira indignamente,
Sem limite de palavras e sonhos.
Escrevo com sentimento agridoce,
Sob uma lente, rígida, adstringente,
A esconder meus cílios tristonhos.
Escrevo sob o olhar das cinzas das horas,
A roubar de Bandeira o que não devo,
No mais perverso caráter que me concerne.
Escrevo, denunciando minhas mãos-senhoras
Que na juventude me trouxeram enlevo
E, hoje, nelas, nenhuma inspiração as serve.
E chegam ao fim meus eternos devaneios,
Soterrados em letras feias e tortas,
Engasgadas em certas palavras tão desditas.
E me cerco de ponto final sem rodeios,
Dentro de uma vida sem janelas nem portas,
Sem bandeira, sem Bandeira, sem coloridas
fitas.
(Luciene Lima Prado)
Que bela poesia, Luciene! Bandeira que menciona é o Manuel Bandeira?!! Certamente, sim. Pois nos versos dele havia algo de belamente triste. Uma certa dor. Lindo mesmo!! Um lindo dia prá ti, bjos ;)
ResponderExcluirQue horrível!
ResponderExcluir- escrever um poema como se fosse o último, é realmente considerar que a apalavra de Deus está correta, quando Ele diz, "devemos viver o dia como se fosse o último", referência feita ao armagedom; entretatanto teu poemar, não faz parte do apocalipse, ele vai transcender o juízo final, e vai esbanjar-se na etenidade, que aqui, ninguém sabenem viu, é um segredo do Supremo: "Escrevo, denunciando minhas mãos-senhora; de fato senhoras mãos, a escrever versos que dilaceram e estrapolam em enredo. Mário Bróis.
ResponderExcluirQue não seja o último, pois seus leitores sentiriam de tão belos versos você escreve.Beijos
ResponderExcluirInteressante esta releitura do Bandeira que sempre inspira em momentos impares de nossas vidass.Belo trabalho como sempre.Claro que o poeta pode mas não deve ser ultimo.Um belo fim de semana amiga e meu abraço carinhoso com minha terna admiração.
ResponderExcluirÚltimo? Este é mais um dos brilhantes poemas, que enriquecem a esta linda e poética página. Parabéns e abraços...
ResponderExcluirMui belo seu versejar grande sonetista!
ResponderExcluirParabéns!
Estou seguindo seu blog!
Bem-aventurados os que não precisam carregar bandeiras
ResponderExcluire o poeta que decide não ser poeta
a brincar com o destino obrigatório,
ouvindo o próprio coração
enquanto se recita a si;
quem na dor perene pela morte perseguida
(dor por todos insabida),escreve o que Bandeira
não pode escrever em vida.
Com respeito: Arnaldo Leles.